Vacinação Contra o Hpv: Importância e Evidências

hpv

Existem mais de 200 tipos de HPV (human papilomavirus). A maioria das infecções causadas pelo HPV é transitória, inclusive aquelas relacionadas aos tipos que causam câncer.

Os tipos de HPV que têm afinidade pela pele, como os tipos 1, 2, 4 e 7, podem causar verrugas. As verrugas fora da região genital ocorrem em 10% das crianças, com pico de incidência entre 12 e 16 anos, e em 3,5% dos adultos em algum momento da vida.

Mais de 40 tipos de HPV tem predileção pela região genital. Essa infecção se manifesta basicamente como verrugas genitais (condiloma acuminato) e é causada em mais de 90% das vezes pelos tipos 6 e 11. O pico incidência ocorre entre 20 e 24 anos de idade.

Existem aproximadamente 15 tipos de HPV considerados de alto risco e associados a câncer. O HPV 16 é o mais comum. Os tipos de câncer que podem ser causados pelo HPV incluem colo do útero, vulva, vagina, ânus, boca, laringe e pênis.

Outra doença causada pelo HPV é a papilomatose respiratória recorrente, que é o tumor benigno da laringe mais comum na infância e é causado pelo HPV adquirido durante o parto da mãe infectada pelos HPV 6 ou 11.

HPV anogenital é a doença sexualmente transmissível mais comum. O pico de prevalência ocorre na primeira década após o inicio da atividade sexual, tipicamente entre 15 e 25 anos de idade. Estima-se que 80% das pessoas sexualmente ativas já foram expostas ao HPV em algum momento da vida.

A prevenção contra as doenças relacionadas ao HPV inclui o uso de vacina. No Brasil existem dois tipos, a bivalente e a quadrivalente. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina quadrivalente, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18, para meninas entre 9 e 14 anos, meninos entre 11 e 13 anos e homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS,  câncer ou transplante de medula óssea e órgãos sólidos.

Na rede privada a indicação é mais ampla e abrange mulheres com idade entre 9 e 45 anos e homens de 9 a 26 anos. São administradas 3 doses na rede privada e 2 doses no SUS. Estudos recentes apontam que o esquema de duas doses apresenta uma resposta de anticorpos, em adolescentes saudáveis de 9 a 13 anos de idade, não inferior quando comparada com mulheres de 16 a 26 anos vacinadas com três doses.

A vacina bivalente, disponível apenas na rede privada, protege contra os vírus 16 e 18 e é indicada a partir dos 9 anos de idade. São indicadas três doses.

A vacinação é contraindicada nos casos de gravidez e alergia a algum componente da vacina. É uma vacina segura e recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e já é utilizada como estratégia de saúde pública em quase 100 países, que realizaram a aplicação de mais de 175 milhões de doses desde 2006, sem registros de evidências que pudessem pôr em dúvida sua segurança. Seus efeitos colaterais consistem basicamente em reações locais na pele, como vermelhidão, dor e inchaço no local da aplicação, e em menor frequência, dor de cabeça e febre.

Em Agosto de 2017 o Ministério da Saúde ampliou temporariamente a vacinação contra HPV para homens e mulheres entre 15 e 26 anos pelo Sistema Único de Saúde, com o objetivo de evitar um possível desperdício de doses que permaneciam nos estoques dos municípios. Apesar das campanhas de divulgação na mídia e parcerias com sociedades científicas para esclarecimento sobre o HPV como problema de saúde pública no país e a importância da vacinação como a mais relevante estratégia para prevenção dos cânceres de colo uterino, vulva, pênis, anus e boca, a cobertura vacinal continua abaixo da meta preconizada de 80%. O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, atribui isso ao fato de que a vacinação na adolescência tem uma série de dificuldades, como a resistência desse grupo etário em buscar uma unidade de saúde, especialmente para vacinar-se, e o baixo conhecimento sobre a importância da vacinação.

A vacina contra HPV tem uma grande eficácia (até 98%) em quem segue o esquema vacinal corretamente, é uma vacina reconhecida pela OMS e pela União Europeia como segura e deve ter sua importância divulgada com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal em território nacional.

Dra. Larissa Kallas Curiati

Bibliografia

  1. Palefsky, J. M., Human papillomavirus infections: Epidemiology and disease associationsUptodate, 2017.
  2. Cox, J. T., Human papillomavirus vaccination. Uptodate, 2017.
  3. Site: https://www.tuasaude.com/vacina-para-hpv/
  4. Site: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/29280-saude-amplia-vacinacao-de-hpv-para-homens-e-mulheres-ate-26-anos
  5. Departamento de Imunizações e Departamento de Infectologia, Calendário de Vacinação da SBP 2017. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017.
  6. Site: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/29280-saude-amplia-vacinacao-de-hpv-para-homens-e-mulheres-ate-26-anos

Dra. Larissa Kallas Curiati é médica formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa da São Paulo, com residência médica em Pediatria e Endocrinologia Pediátrica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Possui Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Plantonista do Serviço de Pronto Atendimento Infantil do Hospital Samaritano. Atende em consultório no endereço que consta no rodapé deste site.

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