As varizes constituem a mais comum de todas as doenças vasculares. Sua prevalência é de cerca de 15-30% na população adulta. As varizes são veias permanentemente dilatadas, tortuosas e sem função adequada. Incidem 3 vezes mais nas mulheres do que nos homens em decorrência de fatores constitucionais e hormonais. A partir da puberdade, há aumento progressivo na incidência das varizes, sendo que acima dos 70 anos, cerca de 70% das pessoas apresentam dilatações das veias nos membros inferiores.
O indivíduo com propensão genética nasce com menor resistência da parede das veias. Fatores desencadeantes, como gestações, obesidade, sedentarismo e profissões que implicam em tempo prolongado em posição ereta (ex: barbeiros, balconistas, porteiros) ou que exigem grandes esforços (ex: estivadores, professores, halterofilistas) favorecem o surgimento das varizes.
A gestação é um dos fatores desencadeantes mais importantes e que faz com que a frequência das varizes seja maior nas mulheres. Além das alterações hormonais que ocorrem durante todo o período de gravidez, na segunda metade há aumento da pressão nas veias das pernas devido à compressão pelo útero no abdome.
A apresentação clínica mais comum é dor em peso ou desconforto doloroso nas pernas quando em posição ereta prolongada e em épocas de maior calor. Essa sensação dolorosa costuma melhorar quando o paciente anda e com a elevação das pernas. Nos casos mais avançados pode aparecer edema (inchaço) nas pernas, que se acentua com o passar do dia, tornando-se mais evidente no final da tarde, causando mais desconforto nas pernas.
As complicações das varizes dos membros inferiores podem manifestar-se desde pequenas tromboses das veias acometidas (tromboflebites) até escurecimento da pele e formação de úlceras de difícil cicatrização.
Pelo simples exame clínico em associação a um ultrassom Doppler colorido venoso, na maioria dos casos, o médico pode identificar sem nenhuma invasão as veias varicosas, determinar sua origem e planejar a melhor terapêutica.
As varizes dos membros inferiores podem ser tratadas por métodos clínicos e/ou cirúrgicos. O tratamento clínico consiste em utilização de compressão elástica, exercício físico regular, redução dos períodos em posição ereta e perda de peso, quando necessário. A compressão elástica com meias ou bandagens visa comprimir as veias insuficientes, retirando o excesso de sangue do seu interior e evitando o edema.
A cirurgia, quando indicada, tem como objetivos melhorar o grau de desconforto, evitar futuras complicações e proporcionar melhora estética. O tratamento cirúrgico convencional das varizes dos membros inferiores consiste na retirada das veias superficiais doentes com micro-incisões.
Quando há envolvimento das safenas na insuficiência venosa, existem ainda diversas modalidades terapêuticas, entre elas a remoção convencional por cirurgia, a terapia com Laser e o uso de radiofrequência, sendo esses últimos métodos modernos que promovem o fechamento da veia safena sem precisar retirá-la. O paciente apresenta menos hematoma, menos dor, recuperação mais rápida, de 3 a 7 dias, e não precisa ser submetido a um corte como no método convencional.
A cirurgia de varizes, num paciente em boas condições clínicas, é uma cirurgia de pequeno porte. As complicações são infrequentes quando a cirurgia é realizada por um profissional devidamente experiente e habilitado.
No período pós operatório não é necessário o repouso absoluto. As atividades físicas devem estar presentes, sendo aumentadas progressivamente segundo a orientação médica em cada caso. Deve-se evitar ficar em pé parado, ou sentado com os pés para baixo, pois nestas situações poderá haver edema e dor, com retardamento no período de recuperação cirúrgica.
Atualmente, com o auxílio das meias elásticas, que comprimem as pernas, evitando o aparecimento de edema, após 5 a 14 dias da cirurgia a maioria dos pacientes pode voltar a suas atividades normais.
Bibliografia
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