Uso de Vitaminas para a Prevenção de Doenças

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Vitaminas são compostos orgânicos essenciais, em pequena quantidade, para o metabolismo normal. Com a exceção da vitamina D, não são sintetizadas pelo corpo humano e por isso precisam ser ingeridas na dieta para a prevenção de distúrbios do metabolismo. Devem ser distinguidas de minerais, como cálcio e ferro, alguns dos quais também são considerados micronutrientes essenciais.

A dosagem dos níveis de diversas vitaminas no sangue está amplamente disponível. Tem sido impulsionada pelo apelo popular e por interesses comerciais com o objetivo de identificar deficiências e direcionar o uso de suplementos. No entanto, essa prática pode parecer injustificada se levarmos em consideração que não há informação suficiente sobre o nível ótimo das vitaminas no sangue e que faltam evidências de que o uso de suplementos previna doenças em adultos saudáveis e com alimentação normal.

Ingesta inadequada ou baixos níveis no sangue de algumas vitaminas específicas, como ácido fólico, vitamina B12 e vitamina D estão associados a alterações bioquímicas identificáveis, como, respectivamente, elevação de homocisteína, ácido metilmalônico e paratormônio. Essas alterações geralmente são corrigidas com o aumento da ingesta, o que sugere a existência de distúrbio metabólico reversível.

Folato é uma vitamina encontrada em vegetais com folhas verdes, frutas, cereais, grãos, nozes e carnes. Ácido fólico é sua forma sintética, incluída em suplementos e fortificantes de alimentos, com muitos efeitos biológicos em comum com o folato. Deficiência severa dessa vitamina está relacionada a anemia megaloblástica. Apesar de amplamente estudado para a prevenção de doenças, o único benefício bem estabelecido da suplementação de ácido fólico é a prevenção de defeitos do tubo neural, um tipo de malformação congênita, sendo recomendado para mulheres em idade fértil que planejam engravidar.

Deficiência ou insuficiência de vitamina D são extremamente comuns e podem contribuir para o desenvolvimento de osteoporose, fraturas e quedas. A ingesta na dieta é geralmente baixa em idosos, sendo frequente a indicação de suplemento. A dosagem da concentração de vitamina D no sangue adquire maior importância em pessoas mais vulneráveis à ocorrência de deficiência, como moradores de instituições de longa permanência, portadores de osteoporose e indivíduos com má absorção intestinal, como aqueles com doença celíaca e doença de Chron. Há evidências de que o uso de vitamina D em doses fisiológicas pode reduzir a perda óssea, diminuir o risco de fraturas e diminuir em até 20% o risco de quedas.

Diversos estudos examinaram a possibilidade de antioxidantes prevenirem câncer e doença cardiovascular através do aumento da capacidade do corpo de eliminar radicais livres e reduzir o estresse oxidativo. As vitaminas antioxidantes incluem as vitaminas A (retinol e beta-caroteno), C e E. Diversos outros compostos encontrados nos alimentos, especialmente nos vegetais e nas frutas, também possuem propriedades antioxidantes. No entanto, os ensaios clínicos randomizados de maneira geral não identificaram benefícios dos suplementos com antioxidantes. A suplementação de vitamina A melhora a imunidade de crianças com ingesta insuficiente em países em desenvolvimento nos quais doenças infectocontagiosas são frequentes, mas aumenta o risco de fraturas e pode aumentar o risco de malformações congênitas, câncer de pulmão e câncer próstata. A suplementação de vitamina C pode ter um papel discreto na prevenção do resfriado comum, mas aumenta o risco de pedra nos rins. A suplementação de altas doses de vitamina E pode aumentar o risco insuficiência cardíaca e óbito.

Deficiência de vitamina B12 pode causar distúrbios neurológicos, incluindo demência, e anemia megaloblástica. Níveis subótimos no sangue podem ser causados por má absorção ou ingesta inadequada de alimentos como leite, fígado, peixes e carne. A dosagem no sangue pode ser indicada para veganos, etilistas e indivíduos com dieta pouco variada, como muitos idosos.

Na ausência de risco de deficiência nutricional, como em etilistas, veganos, indivíduos submetidos a cirurgia bariátrica ou com má absorção intestinal, doentes renais crônicos em hemodiálise e portadores de erros inatos do metabolismo, não é recomendado o uso de polivitamínicos para prevenção de doenças crônicas porque a evidência é de que não há benefício.

Referências

1.         Fairfield K. M., Vitamin supplementation in disease prevention. UpToDate, 2016.

Dr. Pedro Kallas Curiati é médico formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica em Clínica Médica e Geriatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Está cursando Doutorado na Faculdade de Medicina da USP. Possui Títulos de Especialista em Clínica Médica e Geriatria pela Faculdade de Medicina da USP. Membro do Corpo Clínico e do Núcleo Avançado de Geriatria do Hospital Sírio Libanês. Plantonista do Serviço de Pronto Atendimento Geriátrico Especializado (ProAGE) do Hospital Sírio Libanês. Atende em consultório no endereço que consta no rodapé deste site.

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