A população idosa aumentou consideravelmente nas últimas décadas devido ao aumento da expectativa de vida, com interesse crescente por programas de atividade física direcionados para indivíduos com mais de 60 anos.
O comprometimento da função muscular esquelética relacionado ao envelhecimento e a fatores patológicos como inatividade física, desnutrição e doenças crônicas é um importante problema de saúde pública por prejudicar a independência, dificultar as atividades de vida diária e aumentar o uso de serviços de saúde. Também predispõe a quedas, insegurança, restrição para a vida fora do domicílio e mesmo dificuldade para toalete, subir e descer escadas e sair da cama ou da poltrona.
O processo de envelhecimento prevê a diminuição da elasticidade dos músculos, o aumento do tecido gorduroso e a redução do número e do tamanho das fibras musculares, principalmente aquelas de contração rápida, indispensáveis para o equilíbrio e a prevenção de quedas. Sarcopenia é o termo usado para descrever a redução da força e da massa musculares e seu impacto na funcionalidade e na autonomia do indivíduo, conforme definição do European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP).
O sistema musculoesquelético está intimamente ligado às necessidades de locomoção e sustentação do corpo, de modo que a prevenção da sarcopenia deve ser iniciada precocemente. A força muscular apresenta declínio de 10-15% dos cinquenta aos setenta anos. Após essa idade, a redução da força muscular pode ultrapassar 30% por década.
Diversos estudos têm apontado o treinamento físico como um meio de reduzir ou reverter os efeitos do envelhecimento normal e patológico no sistema musculoesquelético. Os exercícios resistidos, como a musculação e o pilates, são os mais indicados, pois promovem aumento de massa e da força musculares e melhora da capacidade aeróbica e do equilíbrio, com redução considerável da dependência física e potencial reversão do processo de sarcopenia.
Apesar de não contribuir para o aumento da massa muscular como os exercícios resistidos, os exercícios aeróbios melhoram a função muscular e apresentam importante benefício para a saúde cardiovascular. Cabe ressaltar que uma alimentação com ingesta proteica adequada também é fundamental para a saúde osteomuscular.
O Colégio Americano de Medicina do Esporte e a Associação Americana do Coração recomendam a realização de 8 a 10 exercícios para os maiores grupos musculares, no mínimo dois dias não consecutivos por semana, com uma resistência que permita 10 a 15 repetições. Cabe ao fisioterapeuta elaborar o melhor protocolo para indivíduos com maior dependência e complexidade. Já o educador físico é profissional qualificado para supervisionar a atividade física preferencialmente de indivíduos saudáveis.
Fica clara a importância do diagnóstico e do tratamento da sarcopenia para a obtenção de uma melhor qualidade de vida, seja através da manutenção da independência para as atividades de vida diária, seja com a recuperação de habilidades consideradas perdidas.
Referências
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Fisioterapeuta Gabriela Macuco Curiati