Com o aumento da expectativa de vida e o declínio das taxas de natalidade, a população idosa passou a representar uma parcela maior e crescente da população total no Brasil e no mundo. Espera-se que no Brasil, na próxima década, a expectativa de vida ao nascer atinja os 78,6 anos e que a proporção de idosos na população ultrapasse os 13%. É fundamental, portanto, que o sistema de atenção à saúde, nos seus mais variados níveis e ambientes, prepare-se para absorver as demandas e os desafios que essa transformação do perfil populacional acarretará.
Projeção da fração de indivíduos idosos na população brasileira até 2030. FONTE: Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. Governo Federal do Brasil; 2017.
Os serviços de pronto atendimento (PA) prestam um papel relevante para a população idosa, constituindo um centro de tratamento de urgências e emergências, um ponto de entrada para o cuidado agudo de alta complexidade e para o acesso a serviços continuados de atenção à saúde, uma fonte de cuidado médico acessível 24 horas por dia, e uma rede de segurança quando a transição suave do cuidado entre sistemas de atenção à saúde é comprometida.
Apesar de idosos serem submetidos a maior número de exames e procedimentos do que pacientes mais jovens, os seus diagnósticos tendem a ser menos precisos, o que pode ser atribuído a uma maior frequência de apresentações atípicas de doenças, polifarmácia e multimorbidades. O resultado é que médicos emergencistas referem maior dificuldade no manejo de pacientes idosos, e muitos idosos se queixam de falta de resolutividade dos serviços de pronto atendimento quanto as suas queixas.
Taxa de visitas a serviços de PA por ano por faixa etária nos Estados Unidos.
FONTE: https://www.cdc.gov/nchs/ahcd/web_tables.htm.
Por esse motivo, em 2014 foram publicadas diretrizes internacionais que orientam as melhores práticas para o atendimento de pacientes idosos em PA. Essas diretrizes têm como propósito melhorar cuidado do idoso, experiência do cliente e satisfação da equipe assistencial, melhorar alocação de recursos, otimizar taxas de admissão e readmissão, reduzir eventos adversos, internações prolongadas e glosas dos convênios e identificar pacientes que se beneficiam de admissão hospitalar e efetivamente alocar recursos extra-hospitalares para os demais.
Mais recentemente, o American College of Emergency Physicians, principal entidade de medicina de emergência nos EUA, criou uma acreditação para reconhecer hospitais que adotam as práticas recomendadas pelas diretrizes internacionais. Atualmente, apenas 1 hospital no Brasil atingiu o nível 3 dessa acreditação, o Hospital Sírio Libanês, aonde o programa ProAGE (Pronto Atendimento Geriátrico Especializado) foi inaugurado em agosto de 2017.
Dr. Pedro Kallas Curiati é médico formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica em Clínica Médica e Geriatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Está cursando Doutorado na Faculdade de Medicina da USP. Possui Títulos de Especialista em Clínica Médica e Geriatria pela Faculdade de Medicina da USP. Membro do Corpo Clínico e do Núcleo Avançado de Geriatria do Hospital Sírio Libanês. Plantonista do Serviço de Pronto Atendimento Geriátrico Especializado (ProAGE) do Hospital Sírio Libanês. Atende em consultório no endereço que consta no rodapé deste site.
