Medicina Mente-Corpo

mente e corpo

A Medicina Mente-Corpo é comumente descrita como o campo da medicina que usa processos da mente para influenciar a saúde do corpo. Esse conceito, embora útil, pode perpetuar a noção que corpo e mente são separados e falha em reconhecer a relação bidirecional da mente e do corpo. É mais próxima da realidade a visão de mente-corpo como uma entidade única, com a saúde de uma parte necessariamente influenciando a saúde da outra. As terapias que são tradicionalmente definidas como mente-corpo incluem biofeedback, hipnose, meditação, visualização dirigida, técnicas de relaxamento, yoga e Tai Chi Chuan.

As terapias mente-corpo convencionais já estão bem estabelecidas e amparadas por evidências científicas sólidas. Várias técnicas já se provaram eficazes em doença cardíaca coronariana, cânceres e dores crônicas. Também são úteis para o tratamento adjuvante em dor pós-cirúrgica, náusea, vômitos, dores crônicas, ansiedade, depressão, fibromialgia, enxaqueca, cefaleia tensional, síndrome do intestino irritável, hipertensão arterial, insônia e incontinências urinaria e fecal.

As diversas técnicas podem ser facilmente incorporadas na programação terapêutica devido ao seu custo relativamente baixo e à possibilidade de envolver os pacientes no controle de sua saúde, participando ativamente da equipe terapêutica.

Entre as práticas mente-corpo, a meditação é atualmente a mais bem estudada. Pode ser entendida de forma ampla como uma auto-regulação da atenção. De modo geral, existem dois tipos de meditação: Plena Atenção e Concentração. A Plena Atenção é representada pela “Mindfulness Meditation” e a Concentração, pela “Meditação Trancendental” e pela “Resposta de Relaxamento”.  A prática essencial da meditação é a focalização plena da atenção sobre um objeto, como um som, uma imagem, uma cor, ou a própria respiração.

Programas médicos de Medicina Mente-Corpo como “Relaxation Response Resiliency Program” do Instituto Benson-Henry, o “Mindfulness-Based Stress Reduction” e a “Meditação Transcendental” (MT) são as principais exemplos de uso terapêutico da meditação.

A “Meditação Transcendental” é baseada na filosofia Védica Hindu e é ensinada por professores autorizados. O treinamento compreende sete etapas, incluindo aulas, entrevistas pessoais, instrução pessoal e a verificação do uso correto da técnica. O aluno é orientado a praticar duas vezes ao dia por 20 minutos.

A “Relaxation Response” ou Resposta de Relaxamento, foi descrita por Herbert Benson, na década de 1970, após estudar os efeitos fisiológicos e clínicos da “Meditação Transcendental”. É considerada a via final comum produzida pela meditação. O efeito fisiológico produzido é o de um relaxamento profundo semelhante ao do sono, mas com consciência alerta, o que explica sua utilidade nos casos em que o estresse tenha um papel importante. A “Resposta de Relaxamento”é uma adaptação da “Meditação Transcendental”, com mais fácil aprendizado.

A Meditação da Plena Atenção (“Mindfulness”) é uma prática Budista milenar adaptada por Kabat-Zinn na Universidade de Massachussets, em 1979. É definida como consciência sem julgamento, momento a momento, e desenvolvida em um programa de oito aulas, no “Mindfulness-Based Stress Reduction Programs”, através de práticas formais de plena atenção e de “body scan”, em que os pacientes direcionam a plena atenção a partes do corpo de uma maneira sequencial, enquanto imóveis, na posição deitada. É amplamente usada em tratamento de depressão crônica recorrente, pânico, dor crônica e sintomas do câncer.

Essas técnicas promovem mudanças benéficas no funcionamento e na estrutura cerebrais, na secreção de hormônios, no sistema imunológico, e no bloqueio da expressão de genes ligados ao câncer. A gama de benefícios ainda inclui desde melhora da qualidade de vida de idosas com câncer de mama até melhora do desempenho e do comportamento de escolares e presidiários.

Estudos recentes sugerem ainda que as intervenções mente-corpo podem economizar custos de tratamento, em parte por reduzir o uso excessivo e potencialmente desnecessário de exames e procedimentos. Estudo realizado pelo “MGH Benson_Henry Institute”, publicado em 2015, com quase 18.000 pessoas mostrou diminuição de 43% na utilização dos serviços de saúde.

 Referencias

1.         Barrows K.A., et al., Mind-body Medicine. An introduction and review of the literature. Medical Clinics of North America. 2002. 86: p11-31.

2.         Stahl J. E., et al., Relaxation Response and Resiliency Training and its Effect on Healthcare Resource Utilization. PLoS ONE, 2015. 10 (10): e0140212.

3.         Current Medical Diagnosis & Treatment 2016. Chapter e5: Integrative Medicine.

Dr. José Antonio Esper Curiati é médico formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica em Clínica Geral e Propedêutica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Possui Doutorado na Faculdade de Medicina da USP e Especialização em Cardiologia e Geriatria e Gerontologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Possui Título de Especialista em Geriatria pela Associação Médica Brasileira. Membro do Corpo Clínico e Coordenador do Núcleo Avançado de Geriatria do Hospital Sírio Libanês. Supervisor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Coordenador da Enfermaria do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atende em consultório no endereço que consta no rodapé deste site.

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