Hipogonadismo é a incapacidade dos testículos para produzir quantidades adequadas de testosterona, espermatozoides ou ambos. Pode resultar de doença dos testículos, com hipogonadismo primário, ou de doença da hipófise ou do hipotálamo, com hipogonadismo secundário. A principal consequência é a redução das concentrações séricas de testosterona.
Deficiência de testosterona é uma condição comum em homens idosos, mas é subdiagnosticada e, com frequência, subtratada. A prevalência de hipogonadismo é de 3,1-7,0% em homens com idade de 30 a 69 anos e 18,4% em homens com 70 anos ou mais. Estima-se que apenas 5-35% dos homens com hipogonadismo recebam tratamento.
As causas de hipogonadismo incluem infecções (como caxumba), radiação, medicamentos, toxinas ambientais, traumatismo testicular, torção testicular, remoção cirúrgica dos testículos, autoimunidade, ingesta aguda de álcool, doenças sistêmicas crônicas, medicamentos, anorexia nervosa, obesidade, tumores intracranianos e traumatismo craniano. Algumas vezes a causa não é identificada.
Os sinais clínicos mais facilmente reconhecíveis de deficiência androgênica relativa em indivíduos idosos são redução da massa e da força muscular, redução da massa óssea, osteoporose e aumento da gordura visceral, nenhum dos quais apresenta alta especificidade. Adicionalmente, sintomas como redução da libido e do desejo sexual, disfunção erétil, esquecimento, perda de memória, dificuldade de concentração, insônia, fadiga e menor sensação de bem-estar são mais difíceis de mensurar e diferenciar do envelhecimento sem deficiência androgênica. O quadro clínico da espermatogênese anormal inclui infertilidade e diminuição do tamanho testicular.
Em homens com hipogonadismo secundário adquirido, outras deficiências hormonais hipofisárias devem ser avaliadas e causas de hipogonadismo secundário devem ser investigadas. Ressonância nuclear magnética deve ser realizada em pacientes com outras anormalidades hormonais hipofisárias, alterações do campo visual ou outras anormalidades neurológicas.
O principal objetivo do tratamento é restaurar a concentração sérica de testosterona para o normal visando aliviar os sintomas sugestivos de deficiência hormonal. Homens com disfunção erétil e/ou libido diminuída com deficiência de testosterona documentada são candidatos a terapia de reposição de testosterona. O tratamento é satisfatório independentemente de o hipogonadismo ser primário ou secundário. Potenciais benefícios incluem melhora do desejo sexual e da função sexual, melhora da densidade mineral óssea, melhora do humor, da energia e da qualidade de vida, mudança da composição corpórea, aumento da massa muscular, aumento da força muscular, melhora da função cognitiva e redução de fatores de risco para síndrome metabólica. Potenciais riscos incluem crescimento de câncer prostático e de mama, piora dos sintomas de hiperplasia prostática benigna, toxicidade hepática, colestase, neoplasias hepáticas, ginecomastia, policitemia, atrofia testicular, infertilidade, acne, exacerbação de apneia do sono e aumento do risco cardiovascular.
Dr. Pedro Kallas Curiati é médico formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica em Clínica Médica e Geriatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Está cursando Doutorado na Faculdade de Medicina da USP. Possui Títulos de Especialista em Clínica Médica e Geriatria pela Faculdade de Medicina da USP. Membro do Corpo Clínico e do Núcleo Avançado de Geriatria do Hospital Sírio Libanês. Plantonista do Serviço de Pronto Atendimento Geriátrico Especializado (ProAGE) do Hospital Sírio Libanês. Atende em consultório no endereço que consta no rodapé deste site.