Hiperplasia Prostática Benigna (Prostatismo)

hiperplasia

A próstata é uma glândula do sistema genital masculino que tem como principais funções produzir e secretar uma parte do líquido seminal (10-30%) e também propulsionar o sêmen através da uretra durante a ejaculação. Ela tem pequena dimensão, com um peso médio entre 10 e 22g, com forma de maçã, e se situa logo abaixo da bexiga, envolvendo a porção inicial da uretra, canal por onde a urina é eliminada.

Um dos mais conhecidos problemas de saúde do homem é o câncer de próstata, com 61200 novos casos e cerca de 13772 mortes no Brasil em 2016 segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). No entanto, existe outra doença dessa glândula, a hiperplasia prostática benigna (HPB), que é muito mais comum e é responsável por importante comprometimento da qualidade de vida de adultos e idosos.

A HPB afeta aproximadamente 50% dos homens a partir dos 65 anos e estima-se que em 2018 cerca 1,1 bilhão de homens ao redor do mundo terão sintomas miccionais relacionados a esta doença. Seus principais fatores determinantes são idade, exposição a testosterona (hormônio produzido pelo testículo) e herança genética.

Simplificadamente, a próstata é composta por células sensíveis à testosterona e diidrotestosterona (sua forma potencializada). A ação destes hormônios sobre estas células leva à proliferação das glândulas prostáticas. Este processo proliferativo gera um aumento de volume, com diminuição do calibre da uretra e necessidade de esforço por parte da bexiga para realizar o processo de micção. Como seria de esperar, os indivíduos de mais idade são expostos por mais tempo a estes hormônios e consequentemente têm maior chance de desenvolver a HPB.

A HPB gera um quadro clínico exuberante, composto didaticamente por dois tipos de sintomas:

    • Aqueles decorrentes da ação mecânica oclusiva da próstata sobre a uretra, denominados obstrutivos, como jato fraco, fluxo urinário entrecortado, gotejamento de urina mesmo após o término da micção, hesitação para iniciar a micção e retenção urinária (quando não consegue urinar por obstrução da via de saída da bexiga);
    • Aqueles decorrentes do esforço que as fibras musculares da bexiga exercem para realizar a micção, denominados irritativos, como grande frequência urinária, noctúria (necessidade de urinar no período noturno), sensação de esvaziamento incompleto e ardência durante a micção;

A avaliação com um Urologista prevê particular atenção com as afecções da próstata. Procura-se descartar o a presença de câncer com dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e exame de toque. Posteriormente, o quadro clínico miccional é explorado e então o tamanho da glândula pode ser dimensionado com o uso de ultrassonografia.

Uma vez feito o diagnóstico de HPB e descartada a possibilidade de câncer, a primeira opção de tratamento é a farmacológica, com uso de medicamentos, que podem abranger:

    • Bloqueadores alfa-adrenérgicos, que relaxam as fibras musculares da próstata e permitem uma melhora da micção, como a Tansulosina e a Doxazosina;
    • Inibidores da 5-alfa redutase, que diminuem a produção da diidrotestosterona e, dessa forma, o tamanho prostático, como a Dutasterida e a Finasterida;

Quando os sintomas persistem a despeito do uso correto de medicamentos, o tratamento cirúrgico pode ser necessário. Atualmente, existem diversas modalidades cirúrgicas para o tratamento da HPB, todas com mesmo objetivo: desobstruir a via urinária através da retirada do excesso de próstata que oclui a uretra. Alguns destes métodos se baseiam em incisões abdominais para alcançar a glândula. No entanto, os métodos mais realizados são os minimamente invasivos, que permitem acesso ao interior da próstata por via endoscópica, através da uretra, com a ressecção ou vaporização da região central da glândula com alguma fonte de energia (térmica ou laser).

Concluindo, todo homem com sintomas miccionais que comprometam sua qualidade de vida precisam de uma avaliação urológica minuciosa quanto a presença hiperplasia prostática benigna e para instituir a melhor estratégia terapêutica.

Referência bibliográfica

1.         Luo F., et al., GreenLight laser photoselective vaporization of theprostatefor treatment ofbenignprostate hyperplasia/lower urinary tract symptoms in patients with different post-void residual urine. Lasers in Medical Science, 2017. Epub ahed of print.

2.         Instituto Nacional do Câncer (INCA) – http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata.

3.         Egan K. B., The Epidemiology ofBenign Prostatic HyperplasiaAssociated with Lower Urinary Tract Symptoms: Prevalence and Incident Rates. Urologic Clinics of North America, 2016. 43(3): p289-97.

Dr. Paulo Afonso de Carvalho é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com Residência Médica em Cirurgia Geral e Urologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). É urologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e pós-graduando do Departamento de Urologia da mesma instituição. Atende em consultório particular no endereço que consta no rodapé desta página.


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