Gripe – Dúvidas do dia a dia

gripe

Nesta época do ano, entre outono e inverno, é esperado o aumento do número de casos de infecções respiratórias por vírus. Dentre os mais conhecidos pela população – e temidos! – está o vírus da gripe.

No dia a dia, é comum falarmos “estou gripado” quando iniciamos algum sintoma respiratório, mesmo que leve. Também ouvimos até hoje de nossas mães e avós aquele antigo conselho para levar uma blusa para não “pegar friagem”. Sobre a vacina, são muitos os medos da população, e uma dúvida frequente é se a vacina poderia “causar gripe”.

Afinal, o que é gripe?

Gripe é uma infecção das vias aéreas superiores causada por um vírus chamado Influenza. Segundo o Ministério da Saúde, síndrome gripal ocorre quando o indivíduo (adulto) apresenta febre acompanhada de tosse ou dor de garganta e um dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dores musculares ou articulares. Não deve haver outros diagnósticos que justifiquem o quadro. Em crianças com menos de 2 anos, a síndrome gripal é caracterizada por febre e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), desde que não haja outro diagnóstico.

Diante disso, merece destaque a febre: pode ser alta e de início súbito. Além disso, pode ocorrer queda do estado geral, dor no corpo e um “mal estar”.

Dá para perceber que aquela “gripinha” da qual falamos comumente (só com um pouco de coriza e tosse) pode não ser precisamente uma gripe? É mais provável que seja um resfriado comum.

O resfriado comum costuma causar sintomas respiratórios como tosse, coriza e obstrução nasal, com ou sem febre (comumente sem febre, mas quando ocorre, costuma ser baixa). Um dos principais vírus envolvidos é o rinovírus, para o qual não temos vacina. Ou seja, resfriado comum e gripe são doenças diferentes, causadas por vírus diferentes, apesar de sintomas por vezes parecidos. A gripe tende a ter maior gravidade.

Como se pega gripe? Como evito a infecção?

O vírus da gripe é transmitido por gotículas e é bastante contagioso. Um indivíduo doente, ao falar, tossir e espirrar, transmite o vírus influenza através dos “perdigotos” que elimina pela boca. O risco de transmissão é bastante relevante se a distância entre o “gripado” e outras pessoas for menor que 1 metro.

Além disso, ao tossir e espirrar, naturalmente o “gripado” leva as mãos à boca, contaminando-as. Com isso, a transmissão através das mãos contaminadas é também importante. As superfícies onde porventura tenha encostado podem ser contaminadas temporariamente, sendo outra possível fonte de transmissão. Por este motivo, ter o hábito de higienizar as mãos, com álcool gel por exemplo, é uma medida importante na prevenção de aquisição deste vírus.

Diante do exposto, “tomar friagem”, por si só, não é fator de risco para aquisição do vírus. Como a época mais fria do ano cursa com maiores aglomerações e maior circulação viral, comumente é nesta fase mesmo que se adquirem estas infecções. Mas vale a pena agradar a avó ou a mãe e seguir o conselho de levar uma blusa, para não passar frio.

Sabendo destas informações, evitar a aquisição do vírus envolve, primeiramente, criar o hábito de realizar a higiene de mãos, evitar levar as mãos a áreas como olhos e boca (sem ter higienizado as mãos muito bem antes) e tomar alguns cuidados com ambientes fechados e aglomerações.

Atenção especial deve ser dada aos extremos de idade (bebês e idosos). Conhecidos que estiverem doentes devem adiar a visita ou evitar o contato, se possível. Faz-se um apelo ainda mais especial àqueles que convivem com crianças recém nascidas (até 28 dias). Caso a mãe autorize tocar ou segurar o bebê, higienize bem as mãos antes. Evite beijar o rosto ou mãos do bebê, uma vez que a criança tem o hábito de leva-las à boca, podendo adquirir doenças. Estas são medidas simples que podem auxiliar na prevenção.

Outra medida de prevenção é a vacinação, indicada para grupos de risco (crianças pequenas, idosos, pacientes com doenças cardíacas ou pulmonares, etc.). Falaremos um pouco mais dela a seguir.

Vacina de gripe pode causar gripe?

A resposta é simples: não. A vacina da gripe é inativada, ou seja, não é composta por vírus vivos. Portanto, não é capaz de provocar gripe. Pode ocasionar febre e alguns sintomas locais, como dor e inchaço. Estes sintomas podem surgir de 6 a 12 horas após a aplicação e durar de 1 a 2 dias. Anafilaxia (alergia grave) a algum dos componentes da vacina pode ocorrer, mas é um evento raro. Alérgicos a ovo devem ter atenção especial.

O que ocorre é que a vacina leva alguns dias para promover resposta imune e há circulação de outros vírus respiratórios nesta época do ano. Então ficar doente logo após tomar a vacina muito provavelmente não está relacionado à aplicação da mesma.

Dra. Giovanna Gavros Palandri é médica formada pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), com Residência Médica em Pediatria e Infectologia Pediátrica pela Universidade de São Paulo (USP) e Complementação Especializada em Infecção em Imunodeprimidos pela mesma instituição. Atua como médica assistente da Enfermaria de Especialidades do Instituto da Criança – ICR do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do GRENDACC. Atende em consultório no endereço que consta no rodapé desse site.

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